quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Victor Bass - Bohêmia Curitibana



Este compacto é a pura imagem da bohemia curitibana, trazem quatro faixas onde misturam – se choro e samba canção, um cavaco bem tocado, um acordeon choroso, um violão dedilhado, e o ritmo de um pandeiro bem marcado, ainda podemos perceber a participação de um instrumento muito pouco usado hoje em dia, qual?, ficou curioso?, entaum irei contar, uma caixa de “fósforo”, sim isto mesmo, poucos sabem mais o famoso “utensílio” doméstico era indispensável em rodas de samba canção. Fica aqui a curiosidade, quem eram os músicos que acompanhavam Victor Bass neste álbum, quem souber por favor deixe um comentário, seria uma pena, uma obra desta perder – se na história fonográfica.

Na data de 11/12/1981, o Estado do Paraná trazia uma matéria sobre Victor Bass, assinada por Aramis Millarch, que você confere na integra aqui em nosso blog ,enquanto baixa o compacto com as seguinte canções, Foi lá na vila, Favela não é morada, Vou do Sul, Vou pro norte e Clima de Verão

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Monsieur Victor Bass, le maestro international!

- Madames, Monsieurs! Nous avons le paisir de vous presenter monsieus, le Maestro VICTOR BASS! Victor Bass, um curitibano de 39 anos, sonha há muitos anos com esta apresentação. Compositor e cantor da noite, Victor é conhecido de quem freqüenta os ambientes boêmios da cidade. Durante anos, o bom Victor violão deixo do braço fez o circuito de nossas raras casas noturnas - restaurantes, bares, night-clubes, sem preconceito, visitando os ambientes mais refinados e os mais populares. Eclético, romântico, Victor sempre teve a música certa para o momento exato - e assim conquistou muitos corações e distribuiu amores. Ao longo dos anos, Victor viu muitos companheiros partirem. Alguns fazendo sucesso como Tuclay, hoje já com elepês gravados e que preferiu os caminhos jovens. Há 3 anos passados, Victor garantia que já tinha 385 músicas prontas. Na proporção que o tempo passa, sua produção deve ter aumentado. Se ainda não conseguiu chegar aos grandes palcos, à frente de uma orquestra com muitas cordas, "ao estilo de Paul Mauriat", ao menos em disco, Victor começou a concretizar o seu sonho. Com selo da FIF Fermata Indústria Fonográfica (30.017, outubro/81), saiu o lp "Victor Bass e sua orquestra". Nenhuma identificação maior - na capa e contracapa, a visão de uma belíssima morena - e outra não poderia ser a ilustração do que uma mulher, musa constante e maior em sua vida e carreira. As dez canções têm títulos em francês: "Le Dernier hiver", "Allons Danser", "Amour Sans Adieu", "Un joyeux dimanche", "Gracieuse", "La Magie", "Par Hasard", "Atlantic Sud", "Ruedes Fleurs" e "Le Seigneur du Mond". Uma observação: "Un joyeueux dimanche", parceria com J. G. Tatara, J. G. é João Gilberto: Tatara. Aos amigos, falando de sucesso que algumas de suas músicas estaria fazendo em outros países ("1o lugar na Venezuela, 2o, na Colômbia; 3o no Equador", etc), Victor sempre pediu: "Não conte que Victor Bass é de Curitiba. Estou proibido contratualmente. É uma jogada da gravadora". Mas, perguntamo-nos, seria justo que os paranaenses não saibam, que Victor Bass é um filho da terra? Um moço de talento, persistente e que tem suas músicas aceitas internacionalmente! É bem verdade que este seu lp foi gravado no Audison, de Reinaldo Camargo, no bairro do Cabral, Rua Manoel Pedro. Fernando Montanari, pianista de larga quilometragem na noite curitibana fez os arranjos e cuidou dos teclados, arregimentando uma dezena de instrumentistas da cidade. Victor orientou a gravação, sugeriu os arranjos, fez algumas passagens e diz algumas palavras em francês. Tudo num espírito muito intimista, dentro da linha harmoniosa da gravação, suave, para emoldurar romances, bem de acordo com o temperamento de Victor. Um disco orquestrado, suave, ideal para ser programado pelas FMs, para se ouvir antes ou depois do amor - em boa companhia, é claro! Não se trata, entretanto, da primeira gravação de Victor. Anteriormente a Continental já editou um compacto simples trazendo numa das faixas o suave "Atlântico Sul", que com efeitos imitando sons de gaivotas, ondas batendo na praia, foi escolhida para o sufixo de encerramento da TV-Iguaçu há algum tempo. Arlindo Ponzio, comerciante de discos rurais e rurbanos, estabelecido com duas lucrativas lojas na cidade e que há dois anos tentou a carreira de produtor-diretor, com os calamitosos "Caminhos Contrários" e "Deu a Louca em Vila Velha" (este realizado com as sobras do primeiro filme e que ainda não conseguiu exibição em Curitiba), lançou também um elepê de Victor Bass, que, infelizmente, não teve sequer distribuição nas rádios da Capital. Antes disto, o próprio Victor, artesanalmente, gravava suas músicas em minicassete, vendendo as cópias aos seus amigos da noite. Portanto, Victor é um lutador pelo seu espaço dentro da música. Traçou o seu rumo e espera alcançar o seu sonho: não apenas o reconhecimento como compositor, mas como "homem-símbolo de uma grande orquestra". Victor não é o primeiro e não será o último compositor e músico brasileiro a sonhar com imagens internacionais. Nos anos 50, frente a um já crescente colonialismo cultural que impunha centenas de êxitos internacionais por semana, o excelente saxofonista Moacyr Silva (Moacyr Pinto da Silva, Conselheiro Lafaite, MG, 10/5/1918), com o nome de "Bob Fleming" fez uma série de elepês para a Musidisc, onde o produtor Nilo Sérgio também inventou uma série de outros "nomes internacionais" para disfarçar instrumentistas brasileiros que, com seus nomes verdadeiros não conseguiram o mesmo sucesso. No anos 60 e, especialmente, 70, a fórmula continuou. Afinal Maurício Alberto Keissman só se tornou conhecido como Morris Albert após o seu "feelings" estourar em quase todo o mundo. Light Reflections era o nome de um grupo de rapazes de São Paulo e Christiam é o pseudônimo artístico de um adolescente do Interior de Gioás, cara de índio xavante, mas que só canta em inglês. Dezenas de outros exemplos podem ser inventariados, num exercício aliás interessante para mostrar esta faceta do colonialilsmo musical a que muitos estão sujeitos para escalar as paradas de sucesso e se projetar - mesmo que temporariamente e neste difícil mercado. Victor Bass, honestamente, manteve o seu nome verdadeiro. Simples, humilde, educado e atencioso, cultiva o seu justo junho de uma grande orquestra. Deseja ver suas músicas românticas, emolduradas em arranjos açucarados, consumidas internacionalmente. É um direito seu, embora, o melhor seria se, ele, - como tantos outros - tivesse oportunidade de fazer discos em que pudesse dizer os nomes de suas músicas em bom português e ao invés de esconder o nome dos músicos, pudesse detalher a ficha técnica. "Só que então, não se venderia nada", argumenta-se. Infelizmente, vende-se o sonho do anonimato. E da ilusão.

2 comentários:

sidnei disse...

ô amigaõ! Tire esse seu blog da rede...não dá pra baixar nada...visete o meu blog,(www.liturgia.spaceblog.com.br) lá tudo funciona. Pôxa, eu queria baixar a trilha do filme DEU A LOUCA EM VILA VELHA e outras, mas nada funciona...

Anônimo disse...

Oi, como faço para ouvir a música "gracieuse" que está em seu blog?